sábado, 15 de janeiro de 2011

Dilma cobra ética da equipe na 1ª reunião ministerial

Angeli

Dilma Rousseff dedicou um pedaço da primeira reunião com seus 37 ministros para fazer uma cobrança preventiva à sua equipe.

Exigiu dos auxiliares que escorem o comportamento em "princípios éticos e republicanos".

Na sequência, Antonio Palocci ecoou a presidente. Novo titular da Casa Civil, ele enfatizou a pregação ética.

Os ministros foram informados de que haverá inclusive um manual de conduta para guiar-lhes os passos. Prepara a peça a Controladoria-Geral da União.

A coisa será minuciosa. Incluirá, por exemplo, ensinamentos sobre o uso de cartões corporativos e carros oficiais.

A defesa dos valores éticos na reunião inaugural é alentadora. Resolve pouco, contudo. Nessa matéria, contam as ações, não as palavras.

Qualquer governo que leve as alianças políticas às raias do infinito não é senão um escândalo espeando para acontecer. Que o digam FHC e Lula.

Cercada pelos interesses vadios que assediaram os antecessores, Dilma tem muito com o que se preocupar.

Convém não descuidar nem do seu partido. Em oito anos de Lula, o PT fez consigo mesmo o que os inimigos tentavam sem sucesso havia duas décadas.

No poder, o partido oficial ofereceu em holocausto o maior patrimônio: a presunção de superioridade moral. Foi à guilhotina aquela aura de diferença heróica.

Descobriu-se que o moralismo do PT era o fisiologismo que ainda não havia sido apresentado aos apetites e prazeres da proximidade com o cofre.

O caminho não comporta volta. Coerência é como virgindade. Perdeu, perdida está.

Quanto às outras legendas da megacoligação –o PMDB e o enorme etc.— o problema é inverso. Sobra-lhes coerência.

São a favor de tudo e visceralmente contra qualquer coisa. Desde que ganhem cargos e verbas.

Assim, é bom que Dilma acione o gogó em defesa da ética. Muitos fazem fila para espiar através das seteiras do Planalto.

Outrosr preferem observar o novo governo do telhado de vidro. Oferece melhor angulho. Dali, teve-se boa visão do strip-tease do mensalão.

A parte da anatomia do governamental que se revelou mais sedutora foi o calcanhar-de-aquiles, entregue a múltiplos e contraditórios interesses.

Foi no mínimo curioso que Palocci tenha desempenhado na reunião o papel de pregoeiro da ética e dos bons costumes republicanos.

Logo ele, salvo do banco dos réus do Caseirogate pelo gongo de uma maioria mixuruca no STF. Sinal dos novos tempos!

De resto, certas nomeações de Dilma e a fome de segundo escalão dos “aliados” animam a indústria da maledicência, único empreendimento a progredir em Brasília.

A presidente logo terá a oportunidade de demonstrar que fala sério. Corre na PF e na Controladoria a investigação do Erenicegate.

Ministra de Lula, Dilma ajudou a criar o problema. Presidente, terá a oportunidade de resolvê-lo adequadamente.

Dependendo do modo como proceder, Dilma pode consolidar a fama de dama-de-ferro ou fixar a imagem de espeto de pau em casa de pseudoferreira.

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Escrito por Josias de Souza às 23h05

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