terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ginástica para atender a todos os pedidos de cargo no governo

Correio Braziliense
Vera Batist

Se for atender a todos os pedidos de cargo, Dilma Rousseff terá que pelo menos triplicar o tamanho do governo. Estatais estão na mira de políticos


Antonio Palocci
O ex-ministro é cotado para a Casa Civil. Mas também pode ocupar o Ministério da Saúde ou presidir uma estatal, como a Petrobras.

Henrique Meirelles
O presidente do Banco Central pode continuar no cargo, se Dilma Rousseff seguir a orientação do presidente Lula. Caso ela opte por fazer uma troca, Meirelles pode ocupar um novo ministério, o da Infraestrutura.

Guido Mantega
Contando com o apoio de Lula, o ministro da Fazenda deseja continuar na Pasta, contrapondo-se a Meirelles no BC. Seria uma forma de não dar “vitória” no debate interno no governo nem à ala desenvolvimentista nem à mais ortodoxa.

Paulo Bernardo
O nome do atual ministro é considerado para liderar a Casa Civil, caso Palocci não seja alçado ao cargo. A saída dele ajudaria a abrir espaço na pasta do Planejamento para Aloizio Mercadante, derrotado na disputa pelo governo de SP.

Nelson Barbosa
Se depender somente do desejo de Dilma Rousseff, o secretário de Política Econômica da Fazenda seria o novo titular da Pasta. Se depender exclusivamente dele, o seu destino seria a presidência do Banco Central. Mas pode se contentar com um cargo na equipe econômica.

José Sérgio Gabrielli
O atual presidente da Petrobras deve permanecer no cargo por um ou dois anos, por conta do apoio que ele tem de governadores eleitos no Nordeste. Ele quer se cacifar para ocupar para disputar o governo da Bahia nos próximos quatro anos.

Luciano Coutinho
O presidente do BNDES poderá ocupar o Ministério da Fazenda no lugar de Guido Mantega. Essa é a vontade de Dilma Rousseff. Mas, no xadrez das negociações, há as hipóteses de ele ir para o Banco Central ou continuar à frente do banco de desenvolvimento.

Alessandro Teixeira
O ex-xerife da Apex-Brasil, que integrou a equipe da campanha da presidente eleita, é citado como provável titular do Ministério das Micro e Pequenas Empresas, que deve ser criado por Dilma.

Moreira Franco
Pode vir a ocupar a Presidência da Caixa. Pesa contra ele o fato de o cargo ser ocupado por Maria Fernanda Ramos Coelho, queridinha de Dilma. Por outro lado, a petista terá de abrir espaço para o PMDB no governo.

Abílio Diniz
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar poderá ocupar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ontem,
ele fez uma carta aos funcionários em que declarou seu voto em Dilma.

Maria das Graças Foster
A presidente da BR Distribuidora é a melhor amiga de Dilma, que deseja alçá-la a um cargo mais alto, como o de ministra das Minas e Energia. Mas a posição também é cobiçada pelo ex-titular da Pasta, Edison Lobão.

Ciro Gomes
O deputado federal que coordenou a campanha da petista no segundo turno agora deverá ocupar um lugar no alto escalão. Ele é citado para a Presidência do BNDES, para o Ministério da Saúde, caso Palocci não receba a função, ou para a Pasta da Integração Nacional.

Alexandre Tombini
O diretor de Normas do Banco Central seria o nome preferido de Henrique Meirelles para ocupar o seu cargo, caso o presidente do BC deixe a posição. Ele tem boas relações com a Fazenda e seria usado para aproximar o BC do futuro ministro.

Preocupação com os gastos
Entre as principais preocupações do mercado financeiro está se os futuros nomeados na área econômica irão controlar os gastos públicos. O fato de Dilma ter assumido compromisso neste aspecto em seu primeiro pronunciamento causou alento entre os analistas. “O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável”, disse, após ser eleita. “Era a principal incerteza. O gasto público não poderia ficar de fora do discurso. Tudo o que queremos é uma gestão sustentável”, avalia Juan Jansen, da Consultoria Tendências.
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Jansen crê que o diretor de Normas e Organização Financeira do Banco Central, Alexandre Tombini, irá substituir Henrique Meirelles, abrindo espaço para o atual presidente ocupar o Ministério da Fazenda, ou do Planejamento. Mas não vê com bons olhos a substituição. “Piora a qualidade. Ele (Tombini) é funcionário de carreira e o BC precisa de um técnico do mercado”, disse. Dependendo da mexida no tabuleiro, será o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o titular da Fazenda e Paulo Bernardo continuará à frente do Planejamento. Antonio Palocci assumiria a Casa Civil. “Meirelles e Pallocci têm uma gestão fiscal mais equilibrada. Mantega (ministro da Fazenda), se ficar, será em uma estatal”, justificou o analista da Tendências.

Estatais
Flávio Serrano, do BES Investimentos, ressalta na fala da presidente o combate à inflação e a promessa de gestão fiscal mais austera. Para ele também Mantega sairá da Fazenda e terá destino incerto. Na opinião do analista da BES Investimentos, Coutinho sairá do BNDES para a Fazenda e Pallocci se estabelecerá na Casa Civil. Ele acredita que para substituir José Sérgio Cabrielli, na Petrobras, Dilma deve convidar seu amigo Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte.

Tão ou mais importantes do que os ministérios são os comandos das empresas e bancos estatais, cujos caixas concentram o maior volume dos recursos públicos. Clodoir Vieira, da Corretora Souza Barros, lamenta que a presidência da Petrobras continue sendo um cargo político e mais ainda que circulem boatos, por exemplo, de que o candidato derrotado ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, poderia ocupá-lo. “Acho uma loucura dizer que o Mercadante pode ir para a Petrobras. Acho que (José Sérgio) Gabrielli será mantido”, afirmou. (V.B.)

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