segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lula não quer Palocci no Planalto e nem na equipe econômica; Mantega e Gabrielli têm nome certo no governo Dilma

Gerson Camarotti e Maria Lima

BRASÍLIA - A presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), terá um Ministério com a cara dela, mas vai discutir todas as escolhas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dia depois das eleições, algumas certezas já circulavam entre auxiliares de Dilma e de Lula, entre elas os nomes que estarão no governo a partir de 1º de janeiro: o ex-ministro Antônio Palocci, o atual ministro Guido Mantega, o ministro Paulo Bernardo e Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras. Palocci, porém, não deverá ter cargo dentro do Palácio do Planalto nem na equipe econômica. Lula e Dilma preferem o ex-ministro da Fazenda no Ministério da Saúde.

Do grupo dos quatro, é praticamente certo que Gabrielli continue na Petrobras, pelo menos na primeira fase do governo, para concluir a criação da nova estatal do pré-sal. Já Paulo Bernardo e Guido Mantega não estão garantidos em suas pastas atuais, Planejamento e Fazenda, respectivamente. Paulo Bernardo é o preferido da dupla Lula-Dilma para a Casa Civil.

Por enquanto, o que é dado como certo em alguns setores do PT e do governo é o que Palocci não deverá fazer no governo Dilma. Dilma e Lula estariam em sintonia em relação ao fato de que ele não deve ir para a Casa Civil.

O presidente chegou a fazer uma avaliação de que o ex-ministro poderia fazer sombra a Dilma. Outro alerta de Lula é que um cargo no núcleo do Planalto poderia transformar Palocci no primeiro alvo do novo governo, mesmo ele tendo sido inocentado pelo Supremo Tribunal Federal no caso da violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa.

Lula gostaria que Palocci fosse para a Saúde, com a alegação de que essa é uma área que até hoje o governo do PT não conseguiu resolver muito bem, mas Dilma ainda não teria opinião formada sobre essa opção.

Ao mesmo tempo, Lula disse a Dilma que é fundamental que ela tenha Palocci no seu governo, principalmente pelo que ele representa para o mercado e pela interlocução que tem com os vários setores da sociedade, especialmente com o empresariado.

Peça fundamental na campanha eleitoral

Juntamente com José Eduardo Dutra, presidente do PT, e o secretário nacional, José Eduardo Cardozo, Palocci foi peça fundamental na campanha e será também na transição, cuja equipe ele comandará.

A presidente eleita sabe que enfrentará pressões para compor seu Ministério e, por isso, deve sair de cena nesta terça-feira à noite, retornando a Brasília só no domingo. Até lá, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, fará os primeiros contatos com os partidos da coligação vitoriosa.

Dilma ficará dois dias na capital, mas nada decidirá. Pela previsão inicial de sua agenda, na quarta-feira da semana que vem, ela deverá se encontrar com o presidente Lula em Maputo, Moçambique, para, de lá, seguir com ele para a reunião do G20, em Seul, na Coreia do Sul.

O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) evitou na segunda-feira especulações sobre nomes para o governo, inclusive o dele, e afirmou:

- Ela vai discutir com tranquilidade. Tem total liberdade para formar sua equipe.

- Todo mundo quer ficar, mas não tem sentido manter todo o Ministério. A equipe terá a cara dela - disse outro interlocutor de Dilma.

O que Lula e Dilma já decidiram é que vão blindar as chamadas "joias da coroa" - grandes estatais e principais cargos na Esplanada - para evitar o assédio dos aliados e até mesmo de grupos do PT.

Em relações às estatais, a decisão é manter no primeiro momento de governo os atuais presidentes para evitar o balcão de negócios em empresas como Petrobras e Eletrobrás, além do Banco do Brasil e da Caixa.

Já em relação à equipe econômica, existe consenso dos três principais nomes do governo Dilma nesta área: Guido Mantega, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa.

Mas ainda não há definição dos cargos que ocuparão. Um dia depois das eleições, interlocutores de Dilma chegaram a cogitar até a mudança de Mantega para o Planejamento, caso a futura presidente decida pôr Coutinho na Fazenda.

O Banco Central pode ser ocupado por um dos três. Diferentemente de Lula, que estimulou divergências para criar um consenso, Dilma quer uma equipe harmoniosa de linha desenvolvimentista.

Outra preocupação manifestada de forma reservada por Dilma é no sentido de barrar o loteamento político das estatais.

Ela foi alertada sobre a intenção do PMDB de indicar o ex-governador Moreira Franco para presidir a Caixa Econômica Federal, e reagiu negativamente.

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